De acordo com o Banco Central Europeu (BCE), a demanda por imóveis deve permanecer em níveis elevados nos próximos meses, com base no fato de que 4,5% das famílias estão procurando comprar em um futuro próximo.
"A decisão das famílias de comprar casa depende de muitos fatores, incluindo a sua estabilidade no emprego e na situação financeira, os seus rendimentos e ativos, as suas expectativas em relação ao nível geral dos preços das casas e as condições do crédito hipotecário", refere um relatório da responsável do BCE.
O relatório prossegue afirmando que "a intenção de comprar casa varia em função do rendimento das famílias". Os dados mostram que essa intenção é muito maior entre as famílias com renda alta – em torno de 6,5% -, enquanto para as famílias com renda menor, o resultado é menor do que a média, ficando abaixo de 4%.
"As famílias com rendimentos mais elevados são muito mais propensas a manifestar a intenção de comprar casa e, por isso, tendem a apoiar mais a procura de casas", aponta o boletim económico do BCE. Além disso, "a dinâmica de rendimento esperado também desempenha um papel importante nas decisões de investir numa casa: os inquiridos que pretendem comprar casa nos próximos 12 meses tendem a ter expectativas de crescimento de rendimento consideravelmente mais elevadas do que aqueles que não planeiam fazê-lo".
A poupança das famílias – que está nos níveis mais elevados em Portugal – também influencia na decisão de comprar casa. De acordo com as conclusões do BCE, a poupança acumulada pelos cidadãos durante a pandemia "pode continuar a impulsionar a procura de casas a curto prazo", uma vez que cerca de 44% das famílias comprometidas com a poupança dizem ter "o desejo de poupar dinheiro suficiente para fazer uma grande compra no futuro (como uma casa ou um carro)".
Alta demanda
Há ainda outras razões para sugerir que a procura de proprietários continuará a aumentar num futuro próximo. Além da poupança das famílias, o BCE sublinha ainda que o segmento da habitação se tem tornado cada vez mais atrativo para investir. Há ainda expectativas positivas de que os empréstimos hipotecários continuem a apresentar condições favoráveis e convidativas para as famílias – com as taxas de juro em mínimos históricos.
Embora a procura ajude a inflacionar os preços das casas, o BCE alerta que a previsão para a evolução dos preços das casas tem sido "muito superior ao crescimento esperado dos rendimentos das famílias".
O Fundo Monetário Internacional destacou recentemente que "os preços das casas cresceram mais rápido do que os salários em mais da metade dos 35 países" que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No que diz respeito a Portugal, os preços das casas subiram mais rapidamente do que os rendimentos das famílias, levando a potenciais problemas para as famílias de baixos rendimentos que procuram aceder ao mercado da habitação.